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" Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." - Mateus 6:34

escrito por Aías Tavares

Paranoia no relacionamento, o que é? (parte 1)
 

07/01/2023

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A paranoia em um relacionamento pode ser uma força traiçoeira, minando lentamente a confiança e a estabilidade emocional entre os parceiros. Trata-se de um estado psicológico complexo, muitas vezes enraizado em conflitos internos profundos que afetam negativamente a dinâmica do casal. Para compreender plenamente o impacto da paranoia em um relacionamento, é crucial explorar sua natureza, manifestações e ramificações psicológicas e emocionais.

O que é paranoia?

Paranoia, no contexto de um relacionamento, é caracterizada por uma desconfiança extrema e irracional em relação ao parceiro. A pessoa que sofre de paranoia está continuamente à espreita de possíveis ameaças, sejam elas reais ou imaginárias, que podem surgir a qualquer momento. A paranoia pode transformar pequenas interações em motivos de suspeita, podendo monitorar obsessivamente o comportamento do outro, as redes sociais, interpretar qualquer atraso ou silêncio como sinais de infidelidade ou desinteresse, e viver em um estado contínuo de ansiedade e vigilância.

 

Essa desconfiança frequentemente se traduz em delírios persecutórios, onde o indivíduo acredita que está sendo enganado, traído ou manipulado, mesmo quando não há evidências que sustentem essas crenças. Essa percepção distorcida leva o paranoico a interpretar gestos, comportamentos ou até falas neutras como sinais de traição ou conspiração.

Impacto no Relacionamento

A paranoia afeta profundamente a dinâmica do casal. O parceiro que é alvo dos delírios persecutórios pode sentir-se constantemente acuado, julgado e incapaz de agir naturalmente. Isso gera um ambiente emocionalmente sufocante, onde qualquer ação é vista com desconfiança. Por outro lado, o parceiro que experimenta a paranoia vive em constante estado de alerta, sempre buscando sinais de traição ou conspiração, alimentando um ciclo de ansiedade e obsessão.

Por exemplo: imagine um casal onde um dos parceiros está convencido que o outro é infiel e pode causar um grande sofrimento em sua vida. Ele pode começar a monitorar obsessivamente as atividades do outro, revisando mensagens no telefone, controlando horários e até mesmo contratando um detetive particular. Isso gera um ciclo destrutivo, no qual o parceiro alvo dessas suspeitas se sente invadido e sem liberdade, levando ao distanciamento emocional, a deterioração gradual do relacionamento e, ironicamente, reforçando as crenças paranoicas. Assim, a desconfiança mútua pode se tornar uma profecia autorrealizável, levando à destruição do relacionamento se não for interrompida e tratada adequadamente.

Além dos danos à relação, a paranoia gera um impacto profundo no bem-estar emocional de ambos os parceiros. A pessoa paranoica vive em estado de angústia, insegurança e isolamento; enquanto o parceiro alvo pode sentir frustração, insegurança e tristeza pela deterioração da confiança e da intimidade.

É importante reconhecer que a paranoia em um relacionamento geralmente não é uma questão isolada, mas sim um sintoma de problemas subjacentes mais profundos, estando muitas vezes ligada a experiências passadas, como traições, abusos ou negligência, assim como questões relacionadas à autoestima e inseguranças. Essas feridas emocionais, se não tratadas, influenciam diretamente os comportamentos e percepções no presente, agravando a desconfiança.

A Bíblia mostra conselhos valiosos sobre a construção de relacionamentos saudáveis, baseados na confiança e no amor. Em 1 Coríntios 13:4-7, Paulo nos diz que "o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. [...] Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Esse amor aqui descrito é antídoto contra o ciúme e a desconfiança irracional. A verdadeira intimidade e a harmonia em um relacionamento florescem onde há paciência e confiança, e não quando a paranoia alimenta o medo e o controle. Este amor mostra que os parceiros devem confiar um no outro e  cultivar um ambiente de segurança e acolhimento, onde a confiança pode ser restaurada.

A terapia individual e de casal pode desempenhar um papel crucial no tratamento da paranoia em um relacionamento. Um terapeuta qualificado pode ajudar cada parceiro a explorar suas próprias experiências, emoções e padrões de pensamento, identificando e abordando questões subjacentes que possam contribuir para a paranoia. Além disso, a terapia de casal pode fornecer um espaço seguro para que o casal trabalhe em conjunto para melhorar a comunicação, construir confiança e desenvolver estratégias saudáveis para lidar com os desafios que enfrentam.

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Com fé em Deus, caso a paranoia seja sua situação, você não precisará recorrer a medicação, pois Deus poderá lhe dar um entendimento assim como diz em Filipenses 4:6-7: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus."

Além do tratamento profissional, existem algumas medidas que os parceiros podem tomar para apoiar um ao outro e fortalecer seu relacionamento em meio à paranoia. Isso inclui praticar a comunicação aberta e honesta, cultivar a empatia e a compreensão mútua, estabelecer limites saudáveis e comprometer-se com o autocuidado individual e coletivo.

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A Psicopatologia dos Delírios

A paranoia em um relacionamento está intimamente relacionada ao conceito de delírio na psicopatologia. No delírio, a pessoa mantém uma convicção inabalável em crenças falsas, mesmo diante de evidências contrárias. Esses delírios podem se manifestar de diferentes formas, afetando gravemente a dinâmica do relacionamento. Essas crenças podem variar amplamente, desde delírios persecutórios até delírios de ciúmes, identidade, autorreferência, erotismo, religiosidade e grandeza.

  • Delírio de Identidade: A pessoa acredita que sua identidade está sendo manipulada pelo parceiro ou por forças externas, minando sua confiança e senso de realidade.

  • Delírio de Ciúmes (Síndrome de Otelo): Caracterizado pela crença infundada de que o parceiro está sendo infiel, esse tipo de delírio pode levar a comportamentos obsessivos, controle excessivo e, em casos extremos, violência.

  • Delírio Persecutório: A pessoa acredita que está sendo perseguida ou vigiada, não apenas relacionado a alguém estar atrás dela (como difundido na mídia), mas também no sentido de estar sendo perseguida por situações de vida, interpretando eventos triviais como provas de uma conspiração. Esses delírios podem levar ao isolamento social e a um ambiente de intensa desconfiança.

  • Delírio de Autorreferência: A pessoa interpreta gestos ou sinais neutros como sendo dirigidos a ele de forma pessoal e negativa. Isso aumenta a sensação de vigilância e paranoia no relacionamento.

  • Delírio de Erotismo: A pessoa acredita estar envolvido em relações sexuais com figuras poderosas, famosas ou fetiches proibidos, ou ser objeto de desejo de outras pessoas, o que pode levar a comportamentos impróprios.

  • Delírio de Grandeza: A pessoa acredita possuir habilidades ou status excepcionais, muitas vezes sempre se acha correta e detentora da verdade, o que pode levá-la a comportamentos arrogantes ou exigentes no relacionamento.

  • Delírio Religioso: Convicções distorcidas sobre missões divinas ou perseguições sobrenaturais podem complicar ainda mais a dinâmica emocional do relacionamento.

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Delírio de Identidade

O delírio de identidade ocorre quando a pessoa acredita que sua identidade está sendo manipulada por forças externas, como o parceiro ou outras entidades. Isso pode levar à convicção de que aspectos fundamentais da sua personalidade, memórias ou até mesmo do corpo físico estão sendo controlados. No relacionamento, essa percepção gera uma desconfiança extrema, fazendo o indivíduo acreditar que suas decisões e ações estão sendo influenciadas de maneira excessiva pelo parceiro.

Esse tipo de delírio é particularmente prejudicial para a confiança mútua, pois a pessoa afetada se sente constantemente ameaçada e confusa. A paranoia em torno de uma suposta manipulação cria uma atmosfera de tensão e isolamento emocional. O parceiro, por sua vez, pode se ver sob suspeita injusta, levando ao desgaste do relacionamento. O tratamento envolve psicoterapia intensiva, onde técnicas são utilizadas para reconstruir uma visão mais realista da identidade pessoal e das dinâmicas do relacionamento.

Delírio de Ciúmes (Síndrome de Otelo)
 

O delírio de ciúmes, também conhecido como Síndrome de Otelo, é marcado pela crença infundada de que o parceiro está sendo infiel, mesmo sem qualquer evidência que apoie essa desconfiança. Quem sofre desse delírio tende a se fixar em detalhes triviais, como horários e comportamentos banais, interpretando-os como sinais de traição. Isso gera comportamentos obsessivos, como monitorar rigorosamente o parceiro, acessar dispositivos eletrônicos sem permissão ou até contratar detetives.

O impacto é significativo tanto para quem sofre quanto para o parceiro, que se sente sufocado e privado de sua privacidade e autonomia. A constante pressão e desconfiança alimentam um ciclo de frustração, ansiedade e, em casos extremos, violência emocional ou física. O tratamento geralmente envolve psicoterapia para reformular os pensamentos distorcidos e, em alguns casos, medicação antipsicótica para reduzir as crenças delirantes.

No contexto bíblico, o ciúme patológico contrasta com o que a Bíblia nos ensina sobre o amor verdadeiro. Em 1 Coríntios 13:4-5, o amor é descrito como paciente e bondoso, e não se deixa levar por sentimentos de posse ou inveja, fundamentais para construir relações saudáveis.

Delírio Persecutório

 

O delírio persecutório é uma condição em que a pessoa acredita estar sendo perseguida, vigiada ou alvo de conspiração, muitas vezes sem qualquer base real para essas crenças. Indivíduos com esse tipo de delírio interpretam eventos cotidianos como provas de que alguém, incluindo o parceiro, está conspirando contra eles. Isso cria um ambiente de constante tensão no relacionamento, com o paranoico sempre em estado de alerta e o parceiro sendo constantemente acusado de comportamentos manipuladores ou ameaçadores.

Essa condição não só prejudica a confiança no relacionamento, mas também pode levar a comportamentos de isolamento e, em casos mais graves, à agressividade, na tentativa de se defender de uma ameaça imaginária. O tratamento requer psicoterapia e, muitas vezes, a introdução de medicamentos antipsicóticos. A terapia ajuda o indivíduo a reconhecer que suas crenças não são baseadas na realidade e a trabalhar para reduzir o medo persistente.

Em Deus podemos encontrar consolo no fato de que Ele é nossa proteção e fortaleza, conforme escrito em Salmo 91:2: "Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio." Isso pode proporcionar paz à mente em meio à paranoia.

Delírio de Autorreferência

O delírio de autorreferência ocorre quando o indivíduo acredita que eventos e comportamentos neutros têm um significado especial e pessoal. A pessoa interpreta olhares, conversas e até gestos comuns como sinais de que há algo oculto ou importante direcionado a ela. Em um relacionamento, isso pode resultar em uma constante tensão, pois o indivíduo vê qualquer comportamento do parceiro como uma mensagem ou intenção velada, o que gera desconfiança e insegurança.

Delírio de Erotismo

O delírio de erotismo leva a pessoa a acreditar que é objeto de desejo irresistível ou que está envolvida em uma relação amorosa com alguém, muitas vezes uma figura famosa ou de alto status. No relacionamento, isso pode gerar comportamentos inapropriados, como tentativas de sedução ou ciúme irracional em relação a essa figura imaginada. A pessoa pode acreditar que o parceiro está competindo por sua atenção ou que existe uma conexão especial com essa figura externa.

Delírio de Grandeza

O delírio de grandeza é marcado por uma visão inflada de si mesmo, onde a pessoa acredita ter habilidades, status ou poderes excepcionais. No relacionamento, isso pode se manifestar através de comportamentos arrogantes e exigências constantes de tratamento especial. O parceiro pode ser colocado em uma posição de inferioridade, desvalorizado e desrespeitado.

Delírio Religioso

O delírio religioso é uma condição em que a pessoa acredita que possui uma missão divina especial ou que é uma figura religiosa importante. Esses delírios podem levar a comportamentos extremos, como sacrifícios ou isolamento, e podem gerar conflitos no relacionamento, especialmente se o parceiro não compartilha da mesma crença delirante.

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É fundamental que cada parceiro esteja disposto a fazer o trabalho necessário para enfrentar e superar a paranoia juntos. Isso pode envolver enfrentar questões dolorosas do passado, aprender a confiar novamente um no outro e desenvolver estratégias eficazes para lidar com os desencadeadores de paranoia quando surgirem.

A cura da paranoia em um relacionamento é única para cada casal, mas com paciência, compreensão e comprometimento mútuo, é possível reconstruir a confiança e cultivar um relacionamento saudável.

A terapia psicanalítica, tanto individual quanto de casal, é fundamental no tratamento da paranoia em um relacionamento. A fé em Deus e na sua palavra também é muito importante. Filipenses 4:6-7 diz sobre entregar nossas ansiedades a Deus: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, apresentem seus pedidos a Deus." A confiança em Deus traz paz, guardando o coração e a mente contra os medos e preocupações que podem alimentar a paranoia. Para aqueles que têm fé, a oração pode ser uma forma de aliviar as tensões emocionais e buscar entendimento espiritual sobre os desafios da vida.

Referências bibliográficas:
- A bíblia sagrada; Verywell Mind ; Psychology TodayBetterHelp .

escrito por Aías Tavares.

Olhe para dentro,
para as profundezas.
Aprenda primeiro
a se conhecer.

- Freud

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" Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
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  Mateus 6:34

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