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escrito por Aías Tavares
O que há de errado em seguir meu coração?
20/01/2023
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É uma frase comum nos dias de hoje: "Siga o seu coração". Parece tão simples, tão libertador. Mas será que essa é realmente a melhor orientação para a vida? Se olharmos atentamente, veremos que seguir cegamente os impulsos do coração pode nos levar por caminhos tortuosos e perigosos.
Embora o coração seja frequentemente retratado como o centro das emoções e dos desejos mais profundos, devemos lembrar que, por mais sedutor que pareça, nem sempre é o melhor guia para nossas vidas. Sua volatilidade e propensão ao egoísmo tornam-no suscetível às influências externas, às vezes nos levando por caminhos que podem não ser os mais benéficos. A Bíblia nos adverte sobre essa armadilha: "O que confia no seu próprio coração é insensato; mas o que anda sabiamente será livre" (Provérbios 28:26). Esse versículo nos lembra que a verdadeira liberdade não está em seguir nossos impulsos momentâneos, mas sim em agir com discernimento e sabedoria. Ao invés de sermos escravos de nossas emoções transitórias, precisamos exercitar a razão e a prudência em nossas escolhas.
A Bíblia também revela a natureza enganosa e corrupta do coração humano. Em Jeremias 17:9, somos confrontados com a dura verdade: "O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável; quem é capaz de compreendê-lo?" Essa afirmação nos leva a refletir sobre a complexidade e obscuridade de nossos próprios corações, que muitas vezes nos enganam e nos conduzem por caminhos tortuosos.
Além disso, Jesus nos adverte sobre as consequências nefastas que podem surgir do coração humano. Em Mateus 15:19, Ele declara: "Pois do coração saem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, falsos testemunhos e calúnias." Essas palavras nos lembram que o pecado não é apenas uma questão de ações externas, mas tem suas raízes profundas no próprio coração humano, propenso a toda sorte de maldade.
Estes versículos destacam a fragilidade e a propensão ao pecado que residem em nossos corações, eles ecoam os princípios fundamentais da psicanálise. Na visão psicanalítica, somos confrontados com a realidade de nossas complexas dinâmicas internas, onde os impulsos inconscientes e os conflitos psicológicos desempenham um papel significativo em nossas vidas. Sigmund Freud diz que o inconsciente influencia nossas ações de maneiras que nem sempre compreendemos plenamente.


Refletindo sobre a nossa própria fragilidade e propensão ao erro, somos instados a reconhecer a necessidade constante de arrependimento, perdão e transformação. É preciso explorar as camadas mais profundas de nossa psique, entendendo os desejos e medos que muitas vezes nos influenciam sem que percebamos. Isso é especialmente relevante em nossos relacionamentos, sejam amorosos ou de amizade, onde as fraquezas e falhas de cada pessoa pode influenciar profundamente a dinâmica interpessoal. Ao reconhecermos a fragilidade e a propensão ao erro que residem em nossos próprios corações, somos incentivados a buscar uma compreensão mais profunda de nós mesmos e dos outros. Essa busca por autoconhecimento e crescimento emocional nos capacita a cultivar relacionamentos mais saudáveis, baseados na compaixão, na empatia e no perdão mútuo.
Seguir cegamente o coração pode levar alguém a ignorar sinais de alerta sobre o comportamento do parceiro, justificando ações nocivas em nome do amor. Por outro lado, quando combinamos as emoções do coração com a sabedoria e o discernimento, podemos construir relacionamentos baseados em respeito mútuo e compreensão profunda. Portanto, não devemos ignorar completamente o coração. Afinal, ele também é o lugar onde reside o amor, a compaixão e a bondade, mas é preciso discernimento para distinguir entre os impulsos egoístas e as verdadeiras virtudes do coração.


A chave está em cultivar o discernimento necessário para distinguir entre os impulsos do ego e as virtudes autênticas do coração. Isso requer uma busca constante pela orientação divina e pela transformação espiritual. Quando abrimos nossos corações para a ação renovadora de Deus, permitimos que Ele nos capacite a fazer escolhas sábias e justas.
O livro de Ezequiel, capítulo 36, versículo 26, Deus nos promete: "Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne." Essa passagem pode ser interpretada como uma metáfora para o processo de análise e autoconhecimento. Assim como Deus promete mudar corações endurecidos, a psicanálise oferece um caminho para explorar as raízes de nossos comportamentos e padrões emocionais, permitindo-nos transcender nossas limitações e alcançar maior integridade psicológica. Ao afirmar que Deus dará um novo coração e um novo espírito, removendo o coração de pedra e concedendo um coração de carne, somos confrontados com a ideia de uma renovação psicológica e emocional. Essa transformação não é apenas uma questão de receber uma graça divina, mas também implica em um trabalho interior profundo e significativo.
Portanto, essa promessa divina não apenas nos inspira com a esperança de uma renovação espiritual, mas também nos lembra da importância de buscar uma transformação interior completa, onde mente, corpo e espírito estão alinhados com a vontade de Deus.

Conclusão
É essencial reconhecer a importância do coração em nossas vidas, mas também compreender sua complexidade e ambivalência. Submeter o coração à verdade e à luz de Deus implica não apenas em uma conexão espiritual, mas também em uma jornada de autoconhecimento e transformação psicológica.
Ao ver o coração como o epicentro de nossas emoções e impulsos, somos levados a explorar as profundezas de nossa psique, onde encontramos não apenas virtudes, mas também sombras e conflitos. Através desse processo de análise e reflexão, podemos começar a discernir entre os impulsos egoístas e as verdadeiras virtudes do coração, alinhando nossas escolhas com uma compreensão mais profunda de nós mesmos e de nossa relação com o divino.
Referências bibliográficas:
- A bíblia sagrada.

escrito por Aías Tavares.

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